sábado, diciembre 13, 2008
silencioso
jueves, agosto 21, 2008
passará
apático
viernes, agosto 15, 2008
paixões antigas
sente o gosto.
cheira.
analisa com os olhos.
fecha os olhos.
esquece os olhos.
só sente.
sente com as mãos, com a boca
essencialmente com as mãos
com a ponta da língua
com o tato mais apurado que puder
porque vida é tato.
são paixões antigas
cigarros molhados
cafés sem gosto.
tudo que de alguma forma for ridículo
tudo que de alguma forma não se queira ter
tudo que de alguma forma
penetre incessantemente no inconsciente
e lá cresça
como planta carnívora,
parasita, erva daninha,
não como flor.
jueves, junio 12, 2008
nó na garganta
miércoles, mayo 14, 2008
Quem me ensinou a chorar.
Ela disse e eu comecei a chorar. Não um choro grande nem de muitas lágrimas. Mas um choro contido, quieto e sincero, quase escondido, como nunca havia sido antes.
A cidade tá cheia de gente pelos bares, pelas ruas, gritando e bebendo e olhando o futebol. E a gente aqui dentro, como se não existisse mais nada, ou pelo menos nada que importasse. Ela tá lá, deitada no quarto, praticamente dormindo, e só a levanta a cabeça pra dizer uma outra coisa com sentido duvidoso. Eu tô olhando ela dormir, e sorrindo. Tá muito frio e eu fui buscar um cobertor. Meus pés e minhas mãos tão congelando, meus lábios tão roxos e eu tô tremendo, mas não quero deitar embaixo do cobertor, do lado dela, porque sei o que vai acontecer, e hoje, só hoje, eu não quero: O corpo quente chegando perto do meu gelado, o carinho na nuca, a mão procurando como se procurasse por um tesouro escondido há séculos. Não, não hoje. Hoje não quero me expôr a extremos, embora não me expôr a nada também seja um extremo. E essa extremidade ela odeia, mesmo gostando de todas as outras.
- Eu gosto de te ver dormir.
Eu disse, mas ela nem ouviu direito.
Deixa eu te contar uma história:
Eu só sei que quero ver teu rosto estampado de felicidade, como naquela vez. Mesmo que isso doa.
E dói. E tu sabe disso tão bem quanto eu.
lunes, abril 07, 2008
QUATRO
O LUGAR
Como ninguém havia se visto antes, no princípio, era confuso: foram quatro dias sem ninguém falar uma palavra. Quatro dias de silêncio cortado apenas por um ruído aqui e outro ali, de galhos balançando no quintal que nenhuma das dezesseis pessoas conhecia ou sabia que existia. No começo os ruídos assustavam, mas ninguém falava nada, todos se contorciam dentro de si e evitavam ao máximo qualquer contato com os outros. Todos fechavam os olhos, mesmo sem saber se os outros fechavam também, porque pode ser perigoso o que se transmite através do olhar, e ninguém queria transmitir medo, nem nada.
E então o silêncio foi rompido com uma pessoa se lançando contra a janela de vidro, uma de cada casa. Quatro estrondos simultâneos que formavam um só estrondo. Uma massa sonora rompendo o silêncio quase eterno de quatro dias.
Nenhuma parede se quebrou, mas dali em diante as pessoas levantaram, foram ao banheiro, à cozinha, aos quartos. Caminharam, comeram, beberam, fumaram, normalmente, ainda que em silêncio.
CONTATO
Estamos com medo. Ela respondeu
Olhando mais atentamente, agora ele percebeu: eram dois homens, ele e mais um, e duas mulheres. Uma das mulheres tinha um rosto conhecido, mas ele não reconheceu. Reconheceu nela um sentimento, e é provável que ela também tenha reconhecido, pois se abraçaram e permaneceram abraçados em silêncio, se protegendo.
Não, nós precisamos economizar.
Não sabemos quanto tempo, não temos nenhuma pista.
Cigarros têm pouco.
Tem pouca bebida também. Eu preciso beber.
Pelo menos vocês estão falando.
Tínhamos medo de vocês não nos aceitarem.
Estamos na mesma condição. Precisamos nos aceitar.
Os vínculos. As duplas. Já existiam antes. Eu acho. Eu senti a ligação. Precisamos nos ligar os quatro. Só assim sairemos vivos. Só assim sairemos.
Os outros podem nos ouvir. Deles ainda tenho medo.
Vem cá. Me abraça. Abraça ele também. E ela.
Me dá mais um cigarro.
Eles são inimigos.
Eles são inimigos?
Talvez nem existam outras três casas. Lembram das sombras? Talvez tudo seja reflexo. Talvez eles também sejam nós. Ou talvez eles não sejam eles – sejam simplesmente, nós.
Mas precisavam tirar as dúvidas, precisavam descobrir o que havia além da parede vidro, então:
e com pouquíssima força a levantaram
encontraram o quintal
e sem dizer uma palavra novamente
se separaram.
Agora eram livres, mas a ligação vai sempre permanecer, e além da ligação vai permanecer a dúvida: de que serve ser livre? Talvez fosse melhor ficar lá dentro, afinal, já tinham se
acostumado.
martes, marzo 11, 2008
Sobre a noite e a mistura
Quente
Queima
Sempre
-
Respiração ofegante
...olhar calmo, longe
Suores misturados.
domingo, marzo 02, 2008
Luz
Tento raciocinar:
Ela foi até‚ o quarto, botou uma camisola, afinal, tem um ventinho soprando, foi ao banheiro escovar os dentes, agora apaga a luz do quarto e vai dormir, simples.
A luz do banheiro se apagou, o que prova que meu raciocínio foi pelo caminho certo, a primeira luz se acendeu, o que prova que foi pelo errado, mas talvez tenha esquecido algo na sala. Dou uma tragada funda, apago o cigarro, vou ao banheiro, sento, e olho. A luz do quarto apagou, realmente, ela tem insônia, brigou com o namorado, tá pensando em ligar pra ele, mas já é tarde, tá se sentindo sozinha e não consegue dormir sozinha, tá com muito frio, mas cobertor nenhum ajuda. Acende uma quarta luz, do outro lado da luz da sala, deve ser cozinha. Ela se levantou e foi fazer chá , chá bem quente pra espantar os pensamentos. Ele não te merece, querida, não te merece. Se ele soubesse como é lindo te imaginar assim, de camisola fazendo chá na madrugada, não te deixaria sozinha.
De repente alguém grita, um homem apanha de outro três homens, ou mais, ele grita: Por favor. Mas ninguém tem misericórdia. Dois tiros surdos, um grito ecoa na madrugada. Apenas nós dois ouvimos, eu e ela. Nos unimos por uma tragédia anônima, algo que acontece todos os dias e que ninguém nota porque todos dormem.
Agora as luzes da casa dela apagaram, sobrou apenas uma luz branca, uma luz anônima, no meio da escuridão total. Então apago minha luz também. E me preparo pra dormir.
jueves, febrero 21, 2008
Anotações
Amo e odeio todos os homens que passaram pela minha vida, uns mais outros menos, sem exceções.
Escrevo no meu caderninho de anotações.
Noto isso as duas da tarde, deitado no sofá, dois cigarros e nenhum isqueiro, sem vontade de sair. Sem inspiração nenhuma pra pintar e sem um puto pila no bolso. Dor nas costas do caralho.
Anoto isso também, em letras grandes: DOR NAS COSTAS DO CARALHO
Preciso de massagem de dedos leves de mãos pesadas. Preciso de toque forte de gente frágil. De gente grande que por dentro é pequena, é mesquinha, é frágil frágil frágil e deveria vir com uma faixa de cuidado. Como todos que passaram por mim. Lindas muralhas gigantes feitas de torrões de açúcar no lugar de pedras.
Anoto: Preciso de alguém que grite comigo.
Preciso de um isqueiro.
Preciso pintar mais.
Preciso vender o que pinto.
Preciso de um corpo em cima do meu.
Ou embaixo, tanto faz.
Preciso.
Preciso.
Preciso.
Então acordo em um banheiro forrado de post-it's amarelos com anotações que não entendo.