martes, febrero 03, 2009

esperança

Saio e fumo pelo maior tempo possível. Caminho pela grama molhada com cheiro de terra e inverno e vou até o lago sujo de peixes mortos. Apago o cigarro e volto. Me tranco no escritório e olho para os relatórios até que eles não façam mais sentido nenhum, se transformem assim, em uma massa qualquer de mofo cinza-esverdeado. E então saio pra almoçar, subo a ladeira de pedras até o refeitório. E gosto de subir assim, silenciosa, cabisbaixa, chutando alguma coisa e relembrando: alguma passagem de um livro, algum trecho de música, algum amor antigo, algum ódio contido, algum sentimento forte.
Vou me sentindo como as pedras. Secando após a chuva, oca e cinza, por dentro, e por fora.
...
Uma violeta no meio das pedras. Alguma esperança, talvez.