viernes, junio 01, 2007

Então tá.

- Alô? Oi, eu tô pintando, e lendo aquele livro de poesias, aquele que eu fui buscar, e lembrei de ti. Eu queria fumar, mas não posso. Posso, mas não necessariamente quero. É que eu tô no meu quarto, sabe, tá uma bagunça imensa isso aqui, é, não dá pra viver num lugar assim, sabe, tem tinta e tela e pincel e folha. Tudo espalhado pelo chão. Aquele verde bonito que tu me deu? Tá, tá aqui sim. Vou acender um cigarro e fazer um chá. Eu nem sei o que quero? É, só vou fazer um chá. Gosto dos cheiros doces e dos gostos amargos. Pode, pode morder minha boca até sangrar. Gosto de tudo que é Acre. Talvez só tenha vergonha. Botei essência de lavanda pelo meu quarto, porque eu sei que disse que não, mas eu acendi um cigarro, mas já apaguei. Joguei pela janela. No canteiro do vizinho. As plantas precisam de cinza, sabia? Não só as plantas, “A cinza é mais digna...” aquela história toda. Gosto do gosto do espesso, da sensação do amargo. É, eu sei eu inverti, sempre faço isso. Tá frio né? Quer vir aqui, quem sabe? O chá? Não, não é de Jasmim, gostos amargos, lembra? É chá preto, eu sei, nem é tão amargo assim. Mas eu gosto. Me engana. Deixa eu te ler um pedaço, olha é curtinho: “Tantos poemas que perdi. Tantos que ouvi, de graça, pelo telefone – taí, eu fiz tudo pra você gostar...” Começa assim, depois tem mais um monte de coisas, é lindo, tu ia gostar. É daquela poeta que te falei. Acho que a água do chá ferveu...se isso foi um tchau? Não era.
Mas então tá,
Tchau.