martes, mayo 12, 2009

dia de Oxum

Em um quartinho no fundo da casa eles se beijam, a mão dele sobe suavemente pelos cabelos dela, ela tira os colares, ele tira a camisa.
Desabotoa a calça, levanta a saia.
Suor. Suspiros. Gemidos.
Quase urros.
O último toque de atabaque ecoa.
É Sábado, amanhã é dia de descanso, fecha os olhos, meu bem.
- O belo às vezes também cansa.
Ela disse, se olhou no espelho, fechou os olhos e dormiu.

Ele volta pra casa, os últimos três cigarros no bolso do paletó, as mãos encolhidas no peito, o chapéu quase voando. O frio da manhã cortando a cara como navalha. De repente chuva, chuva fininha, garoa. Tudo o que ele quer é chegar, tomar seu café quente, deitar em suas cobertas e dormir o dia inteiro, sonhando com a noite que recém passou. Mas não pode, mal vai chegar e só vai dar tempo de tomar um café, café velho esquentado no fogão. Não sobra tempo pro banho, nem pro beijo nos filhos.
Passa uma água na cara e vai trabalhar.