Em um quartinho no fundo da casa eles se beijam, a mão dele sobe suavemente pelos cabelos dela, ela tira os colares, ele tira a camisa. 
Desabotoa a calça, levanta a saia. 
Suor. Suspiros. Gemidos.
 Quase urros. 
O último toque de atabaque ecoa.
 É Sábado, amanhã é dia de descanso, fecha os olhos, meu bem. 
- O belo às vezes também cansa. 
Ela disse, se olhou no espelho, fechou os olhos e dormiu. 
Ele volta pra casa, os últimos três cigarros no bolso do paletó, as mãos encolhidas no peito, o chapéu quase voando. O frio da manhã cortando a cara como navalha. De repente chuva, chuva fininha, garoa. Tudo o que ele quer é chegar, tomar seu café quente, deitar em suas cobertas e dormir o dia inteiro, sonhando com a noite que recém passou. Mas não pode, mal vai chegar e só vai dar tempo de tomar um café, café velho esquentado no fogão. Não sobra tempo pro banho, nem pro beijo nos filhos. 
Passa uma água na cara e vai trabalhar.
martes, mayo 12, 2009
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