miércoles, marzo 14, 2007

Vinte e Quatro

Uma poltrona bege. Uma almofada verde musgo. Um cigarro na ponta dos dedos e um copo de Uísque quase sem gelo. Um gato cinza.
E era assim que ela passava a maioria das noites. Sentada na poltrona fumando e observando o mundo pela janela do seu apartamento. Samambaias e Orquídeas espalhadas. Uma televisão que não funcionava mais. Um aparelho de som e alguns poucos discos.
E se levantava, ela levantava apenas para ir até a cozinha pegar mais alguma coisa e voltar. Ou para ir até o banheiro lavar o rosto ou molhar os pés na banheira azul. Se olhar no espelho ou lavar os óculos. Compulsivamente.
E pensava na vida, pensando no que poderia fazer, o que fez e o que está fazendo. Não sentia saudade do passado, não tinha pressa do futuro e sentia um tédio mortal do presente. Mortal e Enjoativo. Como café requentado em um dia cinza claro.

4 comentarios:

Anónimo dijo...

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um

mayna dijo...

cena perfeita.

Anónimo dijo...

É, acho que em 2007, 2008, lanço o meu. Contos, claro.

Você já entrou em contato com algum grupo de escritores indies em RS?

É uma boa hora.

Tampouco venha me dizer de amadurecimento poruqe muito mais que isso é reconhecimento. Eu demorei 20 anos pensando nisso. Dá certo, tua mão aprende mais, você fica mais táctil e tal. Mas perde tempo. Não perca.

Abraços!

Thais dijo...

sabe, uma coisa nada interessante, mas no mínimo estranha que eu estava pensando esses dias, é o fato de que muitos escritores, amadores ou não do négocio, escrevem no feminino, e muitas mulheres -eu, por exemplo - no masculino. No sentido dos personagens, lógico - não que sejamos um bando de pessoas com disturbios sexuais, né; haha mas sério, acho que isso se deve, provavelmente, ao fato de que assim podemos negar, de alguma forma, que somos nós mesmos que estamos por tras daquele personagem :/ haha sei lá, acho que é válido pensar assim, até porque, eu acho que tudo o que escrevemos reflete sempre algo sobre nós mesmos.

minha conclusao ficou meio babaca, mas o fato de que eu tenho acentos de novo é algo bacana, right? haha mesmo que eu nem dê muita bola pra eles; e quanto ao texto, bem interessante a maneira como você colocou as palavras, e principalmente a situação, quase que irremediável (se já não for ;~)

beijo, mocinho do orkut ;).